ANCAT participa do lançamento de livro sobre inclusão dos catadores na gestão de resíduos no Brasil
O presidente Roberto Rocha escreveu o texto de apresentação da obra e também foi o convidado especial da cerimônia de divulgação.
“Vida com Direitos: Direito do Trabalho Inclusivo e Trabalho Decente para os Catadores de Resíduos”, este é o nome do livro escrito por Ana Virgínia Gomes, Gabriella Wanderley e Dieric Cavalcante, que retrata experiências de participação dos catadores nas ações de gerenciamento de resíduos em algumas cidades brasileiras.
A obra foi lançada em cerimônia híbrida pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e contou com participação de Roberto Rocha, catador e presidente da ANCAT. Autor do texto de apresentação do livro, ele ressaltou a importância de trabalhos que mostram a relevância da atividade dos catadores e seus desafios.
“Eu, como catador de material de reciclável, vejo este momento com bastante emoção, pois temos, aproximadamente, 800 mil pessoas que vivem da catação no Brasil”, afirmou Rocha, que destacou as dificuldades destes trabalhadores de serem vistos como profissionais.
“Na maioria das vezes, elas não são vistas da forma que deveriam ser, como profissionais, responsáveis pelo desenvolvimento dos municípios e pela sustentabilidade. Obras como esta nos dão a visibilidade que merecemos.”
Segundo Ana Virgínia, o objetivo da obra é apresentar alguns exemplos de cidades que saíram do sistema informal de gestão de resíduos e conseguiram implantar um sistema formal com a inclusão dos catadores, responsáveis por cerca de90% dos resíduos reciclados no Brasil, segundo dados do Ipea (Instituto dePesquisa Econômica Aplicada.
“Muito catadores trabalham em condições perigosas, insalubres e de uma forma muito penosa. Mas algumas cidades conseguiram apresentar realidades muito positivas. Como elas conseguiram fazer isso? Essa era nossa pergunta”, explicou Ana Virgínia, em sua apresentação.
Em sua fala, Dieric Cavalcante questionou a preferência dos municípios que, na maioria das vezes, opta pela contratação de empresas de gestão de resíduos, ao invés da inserção das organizações de catadores dentro da cadeia da reciclagem.
“Ainda há uma tendência muito forte do poder público em priorizar os sistemas que nós chamamos de globais ou lineares, que são empresas privadas que se responsabilizam por toda a cadeia de reciclagem, desde a coleta, o transporte, até a destinação final”, explicou Cavalcante,“Então, nos perguntamos, onde fica a valorização do trabalho do catador?”
Para a produção da obra, os autores visitaram as cidades de São Cruz do Sul e Arroio Grande, no Rio Grande do Sul,Bonito de Santa Fé-PB, Ourinhos-SP, Londrina-PR, cidades beneficiadas pelo Cataforte, (programa do Governo Federal para o fortalecimento de cooperativas e associações de reciclagem) a municípios que formalizaram o gerenciamento da coleta seletiva, com a inclusão dos catadores.
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